FAZER FOTOGRAFIA É CARO? O PREÇO E O VALOR DE FAZER FOTOGRAFIA!

Este é um assunto menos fácil e talvez até polémico.
Mas há sempre um momento em que, menos confortavelmente, abordamos tópicos que não sendo direccionados a ninguém, poderão sempre esclarecer algumas dúvidas e ajudar a perceber o que é isto de trabalhar com um fotógrafo profissional.

Quando iniciei o percurso na área da fotografia este projecto era apenas uma ocupação das horas livres. Depois do horário de trabalho era quando lhe dedicava algum do meu tempo e sempre de uma forma mais leve.
Quando decidi deixar a arquitectura a tempo inteiro e dedicar-me a 100% à fotografia, nunca o fiz por achar que iria ficar milionária. Fi-lo porque gostava dos momentos que me proporcionava, de poder conhecer pessoas tão diferentes, algumas com histórias de vida incríveis. Sentia-me motivada, inspirada, apaixonada pelo que fazia! Ainda sinto!

Mas tudo isto tem um preço! Mas também tem um valor!

Fazer fotografia profissional é um investimento. E neste campo falamos de preço.
É caro? Na minha opinião, sim e não.
É caro se pensarmos no fotógrafo como um mero operador de uma máquina, que está ali numa fracção de tempo a registar o momento e depois chega a casa grava um DVD e já está. Se pensarmos que a fotografia é só isto, uma máquina, um disparo e uma fotografia como resultado final.
Não é caro porque o fotógrafo não é um mero operador de câmara, é um ser humano com talento e sensibilidade, que tem horas de formação e educação dedicadas a esta profissão, investiu em material, em produtos de qualidade, em discos para salvaguardar o seu trabalho, em programas de edição, em computadores… e a lista não acaba. A fotografia não é só uma máquina, é um olhar empenhado, emocionado muitas vezes, presente. É um ser humano, com um coração e com uma máquina nas mãos sempre a fazer uma ponte entre o que se passa num e noutro (coração e máquina).

Se passarmos para o campo do valor já não existe um não e um sim! Existe um sim! Sim, tem valor. Tem muito valor.
O valor de fazer fotografia, com qualidade e a um nível mais profissional não aparece numa etiqueta, mas acresce com o passar do tempo.
Conseguem imaginar como seriam os vossos avós ou bisavós, ou como foi a vossa primeiro festa de aniversário se não tivessem fotografias?
E os que já partiram? Não é bom ter aquela fotografia, mesmo que velha, amarrotada e amarelecida pelo tempo para que a imagem deles nunca seja uma ideia turva e incerta perdida na memória?
E o vosso casamento? E os vossos filhos quando ainda eram tão pequenos que sobrava colo?

Fazer fotografia tem um preço, sim. Mas tem um valor que não se encontra nos números.

Fazer este post surgiu num momento em que acumulei um conjunto de pedidos de “descontos” ou “atenções”, porque são amigos, porque conhecem alguém que já fotografou connosco e até por motivo algum. Em conjunto com as pessoas que chegam mais que atrasadas às sessões sempre a contar que ficaremos para além do combinado porque elas se atrasaram, com as pessoas que vêem um colega que faz sessões e mini-sessões e sessõezinhas e micro-sessões a um preço que não paga sequer os disparos da máquina (sim, as máquinas não duram para sempre!!!) e que querem que façamos uma cópia deste modelo para o nosso próprio projecto, somando as horas que ficamos em reportagem para além das horas contratadas, simplesmente porque atrasam os momentos, porque não há planeamento e porque acham que têm o direito de exigir que fiquemos para além da conta. As pessoas querem sempre mais, querem sempre tudo mas ao menor preço possível.
E pergunto-me se pedem desconto na caixa do supermercado por serem clientes habituais? Pergunto-me se pedem desconto numa televisão porque compraram outra, no mesmo sítio, o ano passado? Pergunto-me se faltam a uma reserva num hotel e esperam que lhes devolvam o dinheiro da estadia? Pergunto-me se exigem que a banda toque até mais tarde porque chegaram atrasados a um concerto ou que reiniciem o filme porque se atrasaram para o cinema?

Sabiam que nós, fotógrafos, temos uma família e amigos que muitas das vezes têm vidas e horários de trabalho normais e que, por isso, apenas conseguimos ter planos conjuntos aos finais de semana que é exactamente quando mais trabalhos temos?
Sabiam que ficar a um domingo mais uma ou duas horas em reportagem implica abdicarmos da nossa família, dos nossos amigos ou até de algum descanso para estarmos convosco num momento que é vosso, da vossa família e dos vossos amigos?
Não é uma queixa, porque se calhar o fazemos com todo o empenho e dedicação possível, é um pedido! Um pedido de respeito por estarmos ali, por sermos humanos, por nos entregarmos e dedicarmos à vossa história como se fosse nossa, por cedermos sempre em tudo o que nos é possível para que o vosso dia ou a vossa sessão sejam ainda melhores e mais incríveis do que imaginaram.

Mas tudo isto tem um preço.
Mas tem ainda muito mais valor!

O preço de uma sessão ou até mesmo de uma reportagem de casamento não paga muitas das lentes usadas para vos fotografar.
O vosso trabalho que fica guardado para sempre em duas cópias em dois espaços virtuais e físicos distintos para minimizar a possibilidade de perda, ocupa discos e discos que o preço de uma sessão ou reportagem não pagam.

Mas somos humanos… e eu eternamente apaixonada pelas “minhas” histórias e pelas “minhas” pessoas, comprometendo muitas vezes a minha própria vida, os meus compromissos pessoais para estar a 100% dedicada a isto.

Também para mim a fotografia tem um valor e um preço.
Um valor incalculável. O preço de me privar de tantas coisas, de me dizer que não tantas vezes para vos dizer que sim.
Sim, neste sentido a fotografia também se está a tornar demasiado “cara” para mim. Como investimento e como forma de vida.
E este é o preço a pagar.
Só não sei até quando.

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