Quando me escolhem para documentar um momento tão importante como um casamento, não me importa o tempo, não me importa o dinheiro, não me importa se demoram mais ou menos a responder aos e-mails!

A responsabilidade que sinto em estar presente e documentar um momento único e irrepetível na vida daquelas duas pessoas fala sempre muito mais alto do que tudo o resto.

Costumo dizer quando me doem as costas, quando estou constipada ou tenho febre que se tivesse de fotografar um casamento passava tudo mais rápido! É um facto!

Mas cada vez mais fotografar um casamento levanta desafios que os dias de hoje acrescentam à tarefa. Todos têm um telemóvel, todos têm um tablet ou uma máquina que tira fotos incríveis e é cada vez mais exigente colocar-me na posição de pessoa responsável por documentar aquele momento e de colocar os demais na posição de pessoas responsáveis por aproveitar o momento, só isso, sem se preocuparem em tirar fotografias, em postá-las nas redes sociais e a taggar os amigos.

Tem vindo a ser cada vez mais falada a questão dos “unplugged weddings”, sobretudo nas reuniões com os noivos que, ao divagar pelas galerias de alguns trabalhos que fiz, percebem que há sempre alguém entre nós que somos “apenas” os fotógrafos e os noivos. Há sempre uma outra máquina, um telemóvel, um tablet… e se muitas vezes conseguimos evitar que se ponham no nosso caminho, outras vezes os pedidos nem sempre são acatados da melhor maneira!

Mas o que é isto de um “unplugged wedding” ou “casamento desconectado”? No fundo é um casamento em que os vossos convidados, familiares e amigos gentilmente desligam telefones e máquinas e apenas estão presentes, a viver e a desfrutar do momento, afinal foram convidados para isso, certo?

Ver uma noiva a caminhar pelo altar sem conseguir trocar olhares com o noivo porque são tantos os telemóveis pelo meio, ver uma noiva a entrar na igreja e em vez de olhar olhos nos olhos com aqueles que convidou para o seu dia olhar para as costas dos seus telefones, ver um noivo em bicos de pés a tentar espreitar sobre telefones, máquinas e tablets para conseguir ver a noiva a caminhar de braço dado com o pai… esta é uma realidade triste para muitos casais, mas também para mim enquanto fotógrafa. Mas o que fazer? Como gerir esta situação sem melindrar os convidados e não defraudar as suas expectativas?

Como planear um “unplugged wedding”?

Ficam algumas ideias:

- Indiquem nos vossos convites a vossa intenção!

- Comuniquem aos vossos familiares, amigos, padrinhos e madrinhas a vossa vontade. Peçam-lhes que alertem as pessoas em redor e que intercedam caso alguém decida quebrar o vosso pedido.

- Informem através de quem preside à cerimónia ou colocando um anúncio na entrada da igreja/espaço, pedindo que desliguem telemóveis e outros aparelhos, que se sentem e usufruam do momento porque existe alguém responsável por documentá-lo para sempre, que mais tarde terão acesso a todas as fotografias e, sobretudo, relembrem-nos que estão ali porque foram escolhidos para viver um momento tão especial! Para partilharem lágrimas e emoções e não fotografias no instagram!

Estar presente parece tão simples, mas com as distracções dos dias de hoje, com a facilidade de nos conectarmos com o mundo numa fracção de segundo, parece que deixámos de saber viver inteiramente cada momento!

Estejam completos no vosso casamento! E façam-no no casamento dos vossos amigos!

Este momento não se repete!

Momentos como estes não se repetem: