ENCONTRAR O EQUILÍBRIO!

Depois de tocar ao de leve neste tópico, recebi alguns comentários e mensagens a pedir que falasse mais sobre isto.

Embora não me considere uma entendida na matéria e que tudo o que tenha aprendido tenha sido por experimentação, tentativa e erro, são já 8 anos a gerir um trabalho próprio e sinto que talvez já tenha caminho e bagagem suficientes que possa partilhar!

E aqui estou!

Quando comecei a trabalhar para mim própria achava que tinha de estar sempre a trabalhar: os emails eram para ser respondidos de imediato, as sessões tinham de ser entregues antes do prazo, e os trabalhos que aparecessem eram uma dádiva e tinham que ser aceites, indiscriminadamente.

Trabalhava 10/12 horas por dia, às vezes mais, a acreditar que estar ocupada era um privilégio e uma medalha de honra e longe de imaginar que, em pouco tempo, esta situação me sufocaria!

Dizia muitas vezes que não a tudo o que fosse extra-trabalho, porque não tinha efectivamente tempo, porque tinha de acordar cedo no dia seguinte para fotografar, porque estava a muitos quilómetros do lugar da próxima sessão ou apenas porque estava cansada, física e psicologicamente, incapaz de alinhar em qualquer tipo de programa.

Hoje olho para trás sem qualquer arrependimento, porque sei que tudo isto foi necessário para chegar até aqui, e com a certeza de que um dos meus maiores erros foi a minha percepção do que era ser bem sucedida e a minha própria definição de sucesso!

Porque sim, aquilo que para mim é ser bem sucedido pode muito bem ser diferente da ideia de ser bem sucedida de qualquer outra pessoa! Mesmo quando falamos de pessoas exactamente na mesma área, com a mesma profissão!

Sempre que via posts ou stories de outros colegas a fotografar sábados e domingos, às vezes dias consecutivos de uma semana inteira divididos entre sessões e casamentos, achava que assim é que devia ser e que aquela era a bitola que definia o lugar a que deveria aspirar, a minha meta a atingir! Aquela era uma óptima ideia de sucesso, mas a minha ideia errada de sucesso!

Aos poucos, e acreditem que não foi uma mudança do dia para a noite, mas um acumular de anos sempre a lutar por dias melhores, percebi o quão erra da estava e o quão diferente de tudo isto é a minha versão de ser bem sucedida!

Depois chegou este incrível mês de Maio a provar exactamente que este é o meu caminho certo. O mês em que senti um equilíbrio que nunca tinha conseguido entre os pratos da balança que pesam a Terra (o meu projecto de fotografia) e a Lúcia (eu mesma!), o trabalho e a vida.

Foi, sem dúvida um mês cheio de trabalho, foram 22 sessões/reportagens, algumas com muitas horas de reuniões associadas (os pedidos de casamento surpresa requerem muito planeamento) mas foram também todos os quatro fins de semana livres!

Isto veio dizer-me que sim, é possível encontrar um equilíbrio perfeito entre um trabalho por conta própria e o tempo para nós próprios e para os nossos!

Todas as sessões/reportagens de Maio estão editadas e entregues, algumas muito antes do prazo definido!

Fui todas as semanas ao ginásio, tive algumas tardes livres durante a semana em que estive com amigos, li ou dormi uma sesta, estive alguns dias no hospital a acompanhar quem de mim precisava e ainda consegui (imaginem!!!) tirar uma segunda-feira inteira para fazer um dia de praia!

Esta é exactamente a minha definição de sucesso: equilíbrio!

Ser muito regrada, disciplinada e cumpridora com horários, objectivos e prazos sempre no sentido de superar as expectativas de quem me procura para documentar os momentos importantes e especiais das suas vidas.

Mas o sucesso, para mim, também passa por ter tempo para estar presente, para ser quem sou, para aproveitar a vida que passa tão depressa, para fazer coisas que gosto e outras que nem tanto mas que são precisas.

Parar de acreditar que o amanhã é garantido e que depois posso aproveitar… olhem que nem sempre acontece!

E a minha receita para o sucesso, que é a minha e que não tem de ser a vossa! é tão simples:

Não querer agarrar tudo o que aparece, condenando dias a fio por trabalhos que não são para mim. Perceber que há pessoas com perfil para fazer determinado tipo de coisas que nós não gostamos e vice-versa e encaminhar o que não é nosso para quem pertence.

Perceber também que sim, é dinheiro! sim, há contas para pagar, mas o nosso bem estar a alegria e a motivação que nos proporciona o fazer aquilo que realmente gostamos nas tem preço e acaba por abrir muito mais portas, janelas… e até braços! do que os trabalhos que aceitamos fazer só porque sim, para encher horário ou fazer dinheiro.

Parar de medir o meu sucesso pelo que é o conceito de sucesso dos outros. No fundo parar de me comparar, de comparar o meu dia livre com o dia de trabalho de alguém.

Agradecer o poder desfrutar desta sensação de equilíbrio e bem estar, sem faltar às obrigações mas sem me sentir culpada por ter tempo livre e aproveitá-lo como mais gosto!

Dizer muito mais vezes não ao que devo dizer não, para poder dizer: sim, posso ir! sim, tenho disponibilidade para te ajudar! sim, não vou faltar ao teu aniversário!

E agradecer ainda com mais força a todas as pessoas espectaculares que me procuram, que compreendem esta forma de estar na vida, que me respeitam como profissional mas também como ser humano e que, em última instância, aceitam estar às 7h00 de uma manhã de Agosto, no jardim da Estrela, com uma bebé com poucos meses de vida e que dizem sim a estes momentos tão felizes que partilhamos juntos e que são as nossas (deles e minhas!) melhores memórias!

Pessoas como eles: