ERA UMA VEZ UM DESABAFO.

Em jeito de desabafo.

Pensei muito sobre escrever este post. E não é de ânimo leve que o faço, mas há coisas que, embora mereçam zero da minha atenção, se repetem tantas vezes que acabamos por não passar por elas com a leveza com que gostaríamos.

Aqui na Terra somos fotografia 24 horas por dia. Dedicamo-nos a isto como se fosse o nosso bem mais precioso que requer todo o nosso carinho e empenho.
Mas não é só tirar fotografias. É abdicar de muitas outras coisas que incluem família e amigos (sim, é um facto!) para crescermos e tentarmos ser melhores todos os dias. É fazer com que as fotografias sejam muito mais que isso, sejam os momentos felizes, as emoções, as lágrimas, os sorrisos. As melhores memórias que possam guardar. E que sejam, em relação às marcas que fotografamos, uma boa forma de mostrar o carinho, a dedicação e o empenho que põem no que fazem. Não queremos apenas documentar, queremos fazer parar o trânsito, vestir a camisola da vossa marca e entregá-la aos olhos do mundo. Deixam de ser as nossas fotografias, passam a ser os vossos produtos ou os vossos serviços, da melhor maneira que os conseguimos contar!

São muitas horas atrás das lentes e outras tantas no computador, para que seja especial.
E é difícil aceitar que algumas páginas de conteúdos, tão populares como se querem fazer crer, passem por cima de tudo isto para chegarem ao seu maior fim, mostrar conteúdos. Não importa de que tipo, ainda menos se a informação que prestam é ou não verdadeira ou se simplesmente a deturpam para fazer bonito. Importa é publicar para mostrar trabalho, fazer a gestão da informação que lhes chega de mão beijada, o fruto do trabalho de tantos outros e fazer dela o que querem, como querem e sem prestar contas a ninguém.

Já fomos publicados em tantos sítios. Bolas, e isto não é para me gabar, mas jornais e revistas nacionais e internacionais, temos fotografias publicadas num livro na Austrália, num jornal de Pequim, num livro na Alemanha… imagens que deixam de ser nossas e passa a ser um bocadinho de todos os que as vêem. Mas tudo isto tem sido feito num sistema de respeito mútuo. Porque não há nada que possamos querer mais do que ver as nossas imagens ganhar asas.

Mas do orgulho de ver o nosso trabalho publicado por aí, ao uso do mesmo sem propósito e em total desrespeito pelo que concretamente se partilha, vai uma distância que não se transpõem a passos miúdos.
E somos os primeiros a embandeirar cada publicação que partilha o nosso trabalho! Somos os primeiros a publicar aos quatro ventos que nos publicaram.
Somos os primeiros a vestir as camisolas das nossas marcas, ainda que possamos parecer tomar partidos e possamos, dessa forma, invalidar o trabalho com outras tantas.

Porque somos assim? Não sei!
Se calhar é de mim achar que sozinha posso ir a algum lado mas que juntos vamos mais longe.
Que posso perder tudo, mas nunca a dignidade e o respeito. Que quero que cada pessoa que passe por mim fique, que cada marca que fotografo saiba que o faço com o maior carinho e respeito pelo seu trabalho e que vos quero o melhor!
Que mais vale pecar por uma mente aberta do que ter uma mente pequenina e tacanha.
No fundo acho que até é isto que revolta, é o pensar pequenino de um pedestal de superioridade onde se colocam. Que nunca se espatifem na proporção do que se estão a borrifar para os outros. Marcas, fornecedores e corações que batem por detrás de tudo isto.

Em jeito de desabafo.

(O cake top (giro) da imagem é das Invite - Momentos felizes.
E oh, lá estou eu a dar visibilidade a uma marca na minha página sem ganhar rigorosamente nada com isso!)

17 de Maio de 2017