Todas as histórias têm um lado B, ou pelo menos duas versões, dependendo de quem conta.
E o lado B é, talvez e tantas vezes, o melhor lado.
Se numa versão desta história há detalhe e muita luz, do outro lado há simetrias, equilíbrio e um trabalho que muitas vezes é feito na sombra, imerecidamente.
O Sérgio, para além da Terra, este nosso lado A, veste também a camisola de um projecto ainda que igual, tão diferente. O Invisible Gentleman, um maravilhoso e incrível lado B!
O Invisible Gentleman é fotografia, mas muito mais do que fotografia de arquitectura. Há rigor, há simetrias, equilíbrio em cada fotografia, a cada disparo, mas há ainda muito mais amor à camisola.
Confesso que é tão fácil apaixonarmo-nos pelas pessoas, pelas suas histórias, pelos seus defeitos que as tornam tão únicas. Mas apaixonarmo-nos por quatro paredes, vibrarmos a cada geometria, textura, materialidade? Não está ao alcance de todos.
Muitas vezes parece-me só aborrecido e demoro a entrar no espírito do edifício, para o Sérgio é uma paixão entranhada, é vibrar com a sombra no sítio certo, com um ângulo que rasga a geometria, com pequenos detalhes (e também defeitos) que fazem daquele edifício um espaço tão incrível e especial como as pessoas que fotografarmos deste outro lado, a Terra.
São dois projectos diferentes e iguais, de mãos dadas como as nossas histórias, muitas vezes estamos lá, inteiramente, outras vezes só aqui.
Às vezes há paredes frias e betão, outras vezes emoções de carne e osso, mas tudo são, às sua maneira, histórias.
E também o lado A e o lado B, de uma mesma história, a nossa!
